domingo, 29 de abril de 2018

Toró de boas idéias


Empresas inteligentes estimulam a criatividade dos colaboradores. Um dos métodos para isso é o do brainstorming, comum em agências de propaganda, mas útil em qualquer setor
Texto | Paulo Carneiro
O escritor italiano Domenico Masi, autor do best-seller O Ócio Criativo, definiu a criatividade como o total rearranjo do que sabemos com o objetivo de descobrir soluções inovadoras. Essa busca tornou-se ainda mais necessária no mundo atual, em que velocidade e inovação são sinônimos de bons resultados. Movidas por essa necessidade, as empresas inteligentes procuram estimular a criatividade dos colaboradores, embora muitas vezes não saibam como começar. A chamada tempestade de idéias (brainstorming, em inglês) pode ser mais simples do que se imagina.

Especializada em criatividade e inovação, a consultora Gisela Kassoy afirma que a prática traz benefícios para qualquer tipo de empresa, não importa o tamanho ou ramo de atividade. “Os benefícios podem ser desde melhorias de processos e redução de custos até desenvolvimento de novos produtos e estratégias de marketing”, define Gisela. De acordo com a consultora, tudo depende das soluções que a empresa pretende alcançar. “Já coordenei até reuniões de brainstorming voltadas para sustentabilidade e solução de conflitos”, revela. Na sua opinião, há também benefícios indiretos, que são o incremento da liberdade para opinar e o envolvimento da equipe com os resultados. “As pessoas ficam muito mais motivadas a implementar idéias que elas mesmas geraram.”

Troca
A comunicação é uma ferramenta importante na gestão da Comp Peças, em Sorocaba (SP), segundo a empresária Rosemeire Marum. Ela acrescenta que mantém um diálogo constante com todos os colaboradores para trocar informações, receber sugestões e acompanhar o andamento das atividades. “Fazemos isso em reuniões proveitosas, sempre com resultados animadores. A troca de idéias entre nós é uma coisa constante”, diz Rosemeire. “Todo mundo colabora, desde o mais graduado ao mais simples, em clima de abertura e diálogo.” Ela afirma que o porte da empresa permite essa aproximação. “Temos 29 funcionários, mas todos são participativos e dedicados a qualquer tipo de solicitação.”

Nada de clubinho fechado quando se pensar em brainstorming. Pelo contrário, as reuniões têm de ser abertas à participação de todos os colaborares, ensina a consultora. “O ideal, no entanto, é reunir as pessoas em função das idéias desejadas. Ou seja, pessoas que dominam o tema, mais dois ou três convidados que trarão pontos de vistas diferenciados”, afirma. Para dar um exemplo, ela diz que uma empresa em busca de idéias para um marketing diferenciado poderia chamar seus profissionais de marketing e vendas, agregando também alguém da produção e um cliente. “O mais importante é saber gerar muitas idéias, sem censura e depois avaliá-las e escolher as idéias boas.
E idéia é o que não vai faltar em um brainstorming bem conduzido. Essa é a opinião do consultor especialista em gestão de pessoas Cláudio Raza. Para ele, quanto maior o número de pessoas envolvidas, melhor. “É importante a participação dos colaboradores, por vários motivos. Um deles é que a pessoa se sentirá motivada, como também participante no sucesso da empresa. Ficará mais motivada ainda se houver uma premiação para as idéias melhores e mais viáveis”, afirma Raza. Segundo ele, o empresário contará nesse processo com os colaboradores como se fossem consultores do departamento ou até mesmo dos negócios da empresa. “A rigor, são eles quem melhor conhece a empresa internamente e externamente, no caso de mercado, produtos, clientes e qualidade.”

Diálogo
“O diálogo com os colaboradores é fundamental.” Esta é a resposta dada pelo proprietário da Biltri Auto Peças, em Uruguaiana (RS), Hélio Alves Trindade, quando o assunto é a contribuição dos funcionários na administração da loja. Hélio afirma que estimula a troca de idéias não apenas com a empresa, mas também entre o próprio grupo. “Para facilitar ainda mais a interação, contratamos o PSGQ do Sebrae-RS (Programa Sebrae de Gestão de Qualidade). É um pouco caro, mas funciona”, garante. A empresa tem vários exemplos de sugestões saídas desse trabalho e está sempre aberta a novas contribuições. “Para reforçar, temos banners mostrando a missão, visão e os valores. Os resultados são extremamente positivos”, diz Hélio.

Raza acrescenta que a empresa só tem a ganhar, mesmo que eventualmente as idéias surgidas na reunião não dêem os resultados esperados. “Isso não é problema. Uma equipe bem formada está preparada para sucessos e insucessos, como também para identificar prioridades. Dessa forma, os colaboradores jamais se frustrarão”, acredita. Em vez de desestímulo, o processo poderá resultar em mais união da equipe para a melhoria e adaptações das idéias e sugestões consideradas inviáveis. “Haverá um esforço conjunto para descobrir ou entender melhor o porquê da inviabilidade. Mas a tempestade de idéias continuará a oferecer mais e mais sugestões”, conclui Raza.
Mediador. Os consultores recomendam que o brainstorming deve ser anunciado com uma certa antecedência para que as pessoas fiquem preparadas. A reunião deve ter um mediador habilidoso e atento para que as propostas não se desviem do tema em questão. “Na etapa inicial, que chamamos de divergente, o importante é ter muitas idéias. Todo mundo está livre para falar o que quiser. Na segunda etapa, que denominamos de convergente, as idéias serão selecionadas, agrupadas e avaliadas”, diz a consultora do Sebrae-AL Rarys Costa. “Minhas experiências nessa área são todas positivas”, diz. “Afinal, todos nós somos experts em tudo. O brainstorming abre as portas para a ousadia, para direcionarmos o pensamento para a inovação.”
SAIBA MAIS
GISELA KASSOY
(11) 3885-0441

CLÁUDIO RAZA
(11) 5641-3127

RARYS COSTA
(82) 9313-1503

http://www.pellegrino.com.br/node/44408

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